O presidente chinês firmou um pacto histórico com Vladmir Putin.
Commodities vendidas da Rússia pra China agora serão pagas todas em yuan. A Rússia vai usar a moeda chinesa também em negociações com América Latina e África.
Irã e Arábia Saudita, inimigos mortais há centenas de anos, fizeram as pazes comercialmente. Quem mediou o acordo foi a China. Os sauditas estão prestes a começar a vender petróleo por yuan.
Ontem, foi a vez do Brasil. Num evento em Pequim, nosso Banco Central assinou com o deles: a China passará a pagar tudo que importa de nós em yuan - em vez de dólares.
Xi Jingping comentou: “Vem aí uma mudança que não acontece há mais de 100 anos. E nós estamos liderando ela” 🇨🇳
Mas, afinal… que mudança é essa?
Imagem do último livro do Ray Dalio, sobre “a nova ordem mundial”
🛤️ O Fim do Petrodólar
A mudança é óbvia. Ainda que difícil de engolir.
O fim da hegemonia americana. O fim do dólar como reserva de valor global.
Pelos últimos ~100 anos, os EUA tiveram um superpoder.
Puderam sancionar financeiramente qualquer país que os desafiasse - assim como congelaram fundos russos depois da invasão à Ucrânia.
Mais importante: puderam gastar dinheiro sem amarras, enquanto o resto do mundo comprava toda dívida que eles emitiam.
Esse superpoder cabe à potência que controla a moeda mais aceita do planeta, em cada período da história. Um ministro francês certa vez chamou ele de “privilégio exorbitante”.
Dezenas de impérios, modernos e antigos, já desfrutaram de tal poder. Mas ele nunca dura pra sempre ☠️
O “fim do dólar” já foi previsto por Ray Dalio, no livro “A Ordem Mundial em Transformação”.
Já foi previsto por mim, Felipe, na série “O Fim do Dinheiro", há um ano atrás.
Não é algo que vai acontecer da noite pro dia. Mas também não está tão distante quanto você imagina.
Nós vamos testemunhar essa transição em vida - uma sorte que poucas gerações tiveram, ao longo da história.
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😮💨 O Último Suspiro de Todo Império
A razão entre a dívida pública e o PIB dos EUA é de 1.2.
Pra cada 1 dólar de riqueza que o país produz, precisa pagar 1.20 dólares que tá devendo. Não precisa ser um gênio pra perceber que a conta não fecha.
Os ianques precisam continuar captando dinheiro do resto do mundo (vendendo títulos do tesouro), e empurrando o problema com a barriga, pro futuro.
Acontece que a confiança no dólar vem erodindo. Em algum momento, o “resto do mundo” não vai mais engolir qualquer dívida que os EUA emitirem.
Aí que o bicho pega. Vai faltar dinheiro pra pagar quem um dia emprestou pro Tio Sam.
Nenhum império em decadência morre sem se debater. Quando a capacidade de captar dinheiro do “resto do mundo” diminui… a saída é uma só.
Nenhum país dono da reserva de valor global dá calote na sua dívida (contraída nos anos de “privilégio exorbitante”). O que fazem é imprimir dinheiro desordenadamente.
É mais fácil criar novas unidades da moeda na qual a dívida é denominada, até que a moeda perca valor violentamente, e o débito não signifique mais quase nada.
Em preto, o preço do ouro denominado em marcos, na Alemanha depois da 1ª Guerra. Em vermelho, o preço do Bitcoin denominado em dólares, até 2021.
Na Alemanha da década de 20, um empresário chamado Hugo Stinnes ficou rico emprestando milhões de marcos para comprar ouro. A aposta era de que o ouro se apreciaria contra o marco, e a dívida (denominada em marcos) não valeria nada.
Stinnes estava certo. O marco hiperinflacionou. A dívida dele foi baratinha de pagar.
Esse tipo de movimento tem até nome na literatura bitcoiniana: ataque especulativo.
Alavancar-se emprestando moeda fraca pra converter em moeda forte.
É o que Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, começou a fazer, em 2020, com os empréstimos tomados pela sua empresa listada em bolsa (pra comprar Bitcoin).
Ataques especulativos são um sintoma importante de um fenômeno com que você precisa se familiarizar: a hiperbitcoinização.
📈 O que é “Hiperbitcoinização”?
Hiperbitcoinização é o outro lado da moeda da hiperinflação. Os preços denominados na moeda colapsante disparam. A unidade de conta perde o sentido.
Haverá diferenças entre a hiperbitcoinização e um caso típico de hiperinflação.
A adoção do bitcoin deriva de uma série de atos empreendedores, em vez de um decreto monopolista de cima pra baixo. Trata-se de uma transição voluntária de uma forma inferior de moeda para outra, superior.
Vai, provavelmente, ser um período confuso pra todo mundo. Como uma segunda adolescência.
Mas, quando passar, ninguém vai sequer imaginar como era viver antes disso ter acontecido.
A hiperbitcoinização vai ser mais rápida que um evento de hiperinflação.
Primeiro, pela impotência dos controles de capital. O Bitcoin compete globalmente, através das fronteiras, mais acessível e fugidio que qualquer moeda nacional. Segundo, porque a internet mudou fundamentalmente a velocidade de toda transição econômica.
Bancos inteiros são drenados, hoje, em questão de dias - vide o Silicon Valley Bank. Quando chegar a hora, não vai demorar mais que algumas semanas pra que as grandes moedas estatais sejam “esvaziadas” da mesma maneira.
A grana que fugir daí tem um só porto seguro. O único dinheiro apolítico - e impossível de imprimir arbitrariamente - do planeta.
📝 5 Mandamentos da Hiperbitcoinização
Nos primeiros anos, Bitcoin era coisa de quem comprava dorgas na internet.
Depois, virou coisa de nerd.
Então, de quem gostava de tecnologia.
No ciclo passado, empresas começaram a acumular.
No próximo, serão países.
Os próximos anos serão turbulentos. Aqui vão 5 princípios importantes, pra guardar 👇
1) “Gradualmente, então de repente”
Quando você piscar os olhos, vai ter acontecido.
2) “Não importa se você é um homem, um cachorro ou um robô”
Credenciais valem menos que a reputação meritocrática. Nesse novo paradigma, qualquer um pode elevar sua voz, independentemente da origem ou perfil.
3) “Seu dinheiro, suas regras”
Sua soberania é inegociável…
4) “Not your keys, not your coins”
… desde que você arque com a sua responsabilidade.
5) “Você nunca de fato possui um bitcoin. No máximo, guarda as chaves pra próxima geração”
Lembre-se: as coisas mais valiosas da vida… nem mesmo todas as moedas mágicas da internet conseguem comprar.
🧠 Dicas de Conteúdo
🏆 A Ascensão das Criptomoedas (Felipether)
4 aulões gratuitos que vou dar na semana que vem. As previsões da série “O Fim do Dinheiro” vem se concretizando. Você não vai querer perder as que vou fazer nesse. Inscreva-se no link.
🌊 Hyperbitcoinization (Daniel Krawisz)
Um dos textos mais visionários da história do BTC - publicado há exatos 9 anos atrás!
🔥 Speculative Attack (Pierre Rochard)
Outro texto bárbaro de 2014, descrevendo a anatomia dos tais “ataques especulativos”, comuns em moedas colapsantes.