☕ Café com Satoshi #4: conspiração na Ethereum 🧙, 2019 como 2015?
Enquanto você lê esse email, 7% do ano ficou para trás. Janeiro não é desculpa pra deixar as coisas pra depois. A Ethereum já adiou um hard-fork, o pedido do ETF de bitcoin da VanEik foi retirado provisoriamente, a $ETC sofreu um ataque de 51% e o BIS (Bank for International Settlements), bastião do sistema financeiro ao lado do FMI, publicou relatório sobre “a insustentabilidade do Proof-of-Work no bitcoin".
🕙 2019 equivale a 2015?
2015 foi um ano de volatilidade reduzida e acumulação, em seguida ao bear market de 2014. Se alguns lembram da época com dor ou trauma, há os que o fazem com alegria. Em 2015, a Ethereum foi lançada (+37878% desde ICO). A Factom e a IOTA (+68714% desde ICO) fizeram captações públicas. O leilão das moedas do Silk Road ofereceu 44.000 bitcoins praticamente no bottom (em retrospectiva) a Tim Draper e outros aventureiros.
2019 pode se revelar tão oportuno quanto, alguns anos à frente. É verdade que 2015 também viu o começo da BitLicense em NY e a condenação de Ross Ulbricht. Mas 2019 já tem uma fila de candidatos a mártir e o cerco regulatório (nos EUA, especialmente) não dá sinais de trégua em seu avanço, nos últimos trimestres. Se a comparação parar de pé, e a oportunidade se provar, resta só encontrar as pérolas num mar de moedas que, agora, é muito mais poluído.
🎯 Resiliência de altcoins à prova
A Ethereum Classic sobreviveu a um ataque de 51% trazido a público pela Coinbase. A Verge, o Bitcoin Private e outras moedas menores já haviam sido alvo de empreitadas similares - também "sobrevivendo”. O bear market deve empurrar mais mineradores para fora do negócio, liberar inventário (que pode ser alugado para tais ataques), e induzir a busca por alpha através de vias alternativas. Ataques de 51% devem ganhar frequência, e não nos surpreenderíamos se bolsas começassem a de-listar preventivamente ativos que não atingem requisitos mínimos de segurança (e.g. Nicehasheabilty).
O número de full nodes têm caído vertiginosamente na Ethereum, de mais de 30.000 há seis meses atrás para perto de 10.000. O termo denota agentes com características diferentes na Ethereum e no Bitcoin, mas a queda não deixa de apontar para uma diferença entre a resiliência do crescimento das duas curvas.
🧙 Conspiração na Ethereum
Os holofotes se voltaram para o $ETH quando o hard-fork Constantinopla foi postergado para o fim de fevereiro. As potenciais vulnerabilidades que induziram o adiamento são fáceis de se corrigir ou evitar. Problema maior aguarda a Ethereum mais adiante. Depois de Constantinopla, o próximo upgrade relevante na rede (chamado, por ora, de 1.x) deve introduzir mudança no algoritmo de mineração. O EthHash (algoritmo atual) foi desenhado para ser resistente a ASICs, mas, depois de 5 anos no ar, especula-se haver indícios de que ASICs estão inundando o mercado. Uma das providências do upgrade 1.x é substituir o EthHash por um novo algoritmo que "recomece a corrida da mineração especializada do zero".
Por um lado, a troca pode reduzir a influência e poderio de grupos de mineradores capazes de, eventualmente, assumir controle suficiente para impedir a migração posterior a um sistema de proof-of-stake (PoS - onde, sabidamente, a vida dos mineradores muda). Por outro, o foco num passo intermediário, em vez da obsessão por se migrar para PoS o quanto antes, pode representar um tiro no pé e mais atrasos - além do argumento de que indústrias especializadas assumirão o controle em qualquer tipo de Proof of Work, de qualquer maneira.
O debate opõe grupos de desenvolvedores influentes na Ethereum. A polêmica ganha tempero uma vez que o grupo que “inventou” o ProgPow (novo algoritmo de mineração que vem ganhando aceitação como alternativa) tem conexões com gigantes da mineração. E, como veio à tona recentemente, com fabricantes de chips especializados também. Para instilar um ar de mistério na situação, todos os membros desse grupo tem Twitters com a handle @OhGodxxxx, e participaram de uma empresa (@OhGodACompany) que minera e otimiza chips desde 2013.
🇧🇷 No Brasil
Luiz Calado, ex-Mercado Bitcoin, deixou a recém-assumida posição de CEO na Braziliex.
XDEX, bolsa do grupo controlador da XP Investimentos, disponibilizou 5 novas moedas para negociação: DASH, LTC, XRP, ZEC, e BCH. Outras bolsas locais vêm adicionando suporte a altcoins, especialmente ETH e XRP, ultimamente.
Ripple contrata project manager em São Paulo.
Pesquisa com dados de 28 bolsas aponta para R$ 6.79 bilhões negociados no Brasil em 2018. O relatório completo traça a evolução do volume no mercado e o market share das principais exchanges.
📚 O que estamos lendo
AWS, MongoDB, and the Economic Realities of Open Source: um olhar críticos sobre modelos de negócio que tecnologias de código aberto destroem ou permitem.
Fundamentals of Proof of Work: análise do cenário de proliferação de ataques de 51% por empreendedor que tentou competir com a BitMain - e não conseguiu.
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