☕ Café com Satoshi #44: Hora de Admitir, essa Moeda Tá Destruindo o Planeta 🏭
A moeda em questão (que está destruindo o planeta) não é a da internet - mas a do Tio Sam. Se o título deste e-mail te enganou, é porque o seu cérebro está sendo condicionado com sucesso pela mídia 😬
O Bitcoin é anti-verde, anti-meio-ambiente, anti-governo - no melhor dos casos, um "desperdício" de energia que contribui diretamente com o aquecimento global.
Pra quem já passou mais que algumas horas estudando o assunto, é óbvio que estes rótulos são falaciosos. Mas, a essa altura, a força de uma narrativa não tem nada a ver com a verdade - só com a capacidade de seduzir mentes. E a trama do "Bitcoin é mau pro meio ambiente" tem feito a cabeça de muita gente. Esta é a verdade.
🤬 A Substância das Críticas
Não se trata de ser anti-"desperdício de energia" ou anti-"combustíveis fósseis". Boa parte do anti-bitcoinismo tem a ver com uma postura anti-descentralização - o desespero de preservar poder para si (ou para "deuses ideologicamente alinhados").
O criticismo se concentra na "moralidade do uso da energia". Este argumento catalisa a raiva de quem já tem uma predisposição a odiar a criptomoeda - sem que a pessoa precise pensar muito a respeito. “É errado, e ponto”. É imoral. É consenso entre acadêmicos e jornalistas.
(por que minerar BTC seria “um desperdício", enquanto gastar eletricidade e poluir a atmosfera por conta de luzinhas de Natal, não? A indústria do videogame não é tão inútil quanto a criptomoeda? O que falar das milhões de TVs ligadas no Big Brother?)
São raras as críticas que se debruçam sobre a origem dessa energia. Ou sobre os fatores que nos fazem produzir e consumir eletricidade em primeiro lugar. Tampouco se costuma questionar os incentivos que nos fizeram chegar até aqui.
Sim, o Bitcoin demanda energia. A produção de eletricidade emite dióxido de carbono. E este é um dos gases responsáveis por mudanças climáticas, a deterioração da camada de ozônio e a falência de certos ecossistemas.
Acontece que toda a atividade humana (até um simples respiro) também emite CO2.
Diante dessa constatação, temos duas opções:
1) Podemos tentar moralizar cada alocação individual de recurso. Instituir regras sobre quanto tempo cada um pode passar jogando videogame. Implementar impostos para quem peida demais da conta. Cobrar por excesso de envio de e-mails. Em suma, batalhar para chegar a um acordo (spoiler: é impossível) sobre onde queremos e permitimos que a energia da Terra seja alocada.
2) Podemos focar esforços em fomentar sistemas que nos levem a, simplesmente, consumir menos.
Na Paradigma, nós temos uma teoria. A maneira mais direta de se preservar o planeta é freando o imperativo do consumismo.
É viajando menos (gastando menos gasolina). Comprando menos plástico. Gerando menos lixo. Abdicando de frivolidades. Por mais que isso doa nos ouvidos de muitos.
A pergunta que fica é: a sociedade humana não está casada ao imperativo do crescimento?
Existe alguma tecnologia que possa frear o consumismo sem nos afundar num abismo de retrocesso? Que ajude nossa espécie a se coordenar para salvar a Terra - sem abrir mão da liberdade, ou sucumbir eternamente às ordens de uma ditadura qualquer?
🔭 Uma Tecnologia Pra Nos Fazer Olhar Além
É difícil imaginar uma sociedade cujo sistema financeiro seja baseado em um dinheiro programado para se valorizar com o tempo. Dinheiros assim te fazem pensar duas vezes antes de gastar. Vide a história famosa das pizzas compradas com BTC.
São a antítese das moedas inflacionárias por design™, como o Real e o Dólar. Dinheiros desse tipo nos propelem a gastar logo, pra satisfazer anseios materiais imediatistas. Tomar dívidas, já que o denominador dela tende a valer menos, amanhã. Dinheiros assim nos acostumam a f*der gerações futuras, em prol da nossa.
O maior downside do Bitcoin é uma oferta monetária que não obedece aos caprichos das elites políticas. Não se pode criar novas unidades de moeda arbitrariamente, e distribuí-las como se julgar "correto". Não se pode triplicar o valor do fundo eleitoral se não tiver de onde tirar a grana. Não dá pra contratar obras sem ter os recursos para bancá-las. Muito menos financiar guerras com o dinheiro das próximas gerações.
É isso que a maioria dos críticos teme - mais que qualquer catástrofe climática. A ascensão de um fenômeno que, em última instância, não lhes reserva nem um pingo de controle.
No entanto, os no-coiners ambientalistas não precisam se debater. Existe, afinal, um jeito de reprimir o Bitcoin.
Basta persuadirem bitcoiners a adotar um meio alternativo de pagamentos e armazenagem de valor. Basta conceberem um sistema ainda mais seguro, privado e resistente à censura do que a criptomoeda de Satoshi - tudo isso sem usar as infames provas de trabalho (proof-of-work).
Um sistema assim seria miraculoso. E nenhum bitcoiner hesitaria em usar.
Enquanto não surge, seguimos esperando. Seguros de que ~0.5% da eletricidade produzida anualmente é um preço barato a se pagar por uma das poucas esperanças concretas que temos para a preservar do meio ambiente e o futuro da vida na Terra.
📚 Dicas de Leitura
➡ 🚧 How to Build a Small Town in Texas (WrathOfGnon)
Um dos textos mais provocadores que lemos neste ano. Quatro amigos bilionários compraram uma terra enorme no Texas. E abordaram um historiador com uma pergunta… simples: como construir uma cidade livre de carros, atraente o suficiente para ter sua própria população, e vibrante o bastante para perdurar por séculos? A resposta não podia ser mais detalhada.
➡ ✏️ Drawing Pictures of Cities (Noah Smith)
Em que tipo de cidade você sonha em viver? Já parou pra tentar imaginar, no sentido literal da palavra - materializar em imagem?
➡ 🌱 Dólar vs. Bitcoin: Quem F*de Mais o Planeta? (Paradigma)
O relatório que mencionamos ao longo deste texto. Se você ainda não abriu em outra aba para ler, esta é sua última chance 😅