☕ Café Com Satoshi #53: a Fórmula dos Bored Apes 🧪
A essa altura, todos vocês já ouviram falar de NFTs. E a maioria associa a sigla aos Bored Apes - macacos cartunescos que foram adotados por Justin Bieber, Madonna, Neymar e todo tipo de celebridade antenada à moda e tecnologia.
Nossa equipe passou o último mês debruçada sobre essa coleção emblemática.
Por que valem bilhões de dólares - enquanto tantas outras não vendem nem meia dúzia de itens? O quê fizeram de tão especial para "chegar lá"? Daria pra aprender com eles uma "fórmula" com a receita para tamanho impacto?
Clique na imagem abaixo e leia o relatório que produzimos pra responder isso tudo.
🎂 Um Ano de Bored Apes
Bored Ape Yacht Club (BAYC) é a marca mais rápida da história recente a atingir uma valoração na casa dos bilhões de dólares. Saiu da cabeça de dois amigos formados em literatura.
Eles não tinham um roadmap complexo. Não tinham o apoio de grandes influenciadores. Não tinham milhões de dólares. Mas tinham uma história tocante 👇
O ano é 2031. Bitcoin e Ether dominaram o mundo. Todos aqueles que entraram no mercado de cripto estão mais ricos do que jamais sonharam. Porém, agora estão entediados, e querem se conectar com pessoas parecidas. Para isso, precisam ir para um lugar especial.
Nos seus primeiros 6 meses de vida, essa coleção movimentou perto de um bilhão de dólares no mercado secundário. Se somarmos todas as marcas da Yuga Labs (nome da empresa que os criou), já são mais de 8 bilhões de dólares em valor criado.
Nesta semana, os macacos completam um ano de vida. E a Yuga Labs se prepara para vender quase 100 milhões de dólares em “terrenos no metaverso”, numa nova fase do seu plano de expansão.
🍕 A Pizza de 10.000 BTC - versão NFTs
O lançamento dos Bored Ape Yacht Club aconteceu em 23 de abril de 2021. A coleção era composta por 10.000 NFTs precificados a 0.08 ETH cada. Na época, algo próximo dos 200 dólares.
Por quase uma semana, para ter um dos macacos, bastava entrar no site, fazer uma transação (mint) e pegá-lo. A aparência do item ainda estaria oculta, e sua revelação seria no dia 30 de abril.
Sete dias após o anúncio inicial, pouco mais de 500 Apes haviam sido mintados. Faltavam 9500. Foi a revelação das artes que mudou tudo. Oito horas depois dela, a coleção estava esgotada no mercado primário.
Colecionadores famosos entraram em peso. Um deles - Pranksy - comprou 1.250 peças, mais de 12% de todos os macacos existentes. Hoje, esta posição valeria quase meio bilhão de dólares. Mas Pranksy vendeu todos esses NFTs (exceto um) em questão de meses, deixando essa fortuna escapar 😢
Tal história levaria fama como a do homem que comprou duas pizzas por 10.000 BTC, em 2010. É contada em detalhes no relatório mencionado acima.
A Yuga Labs arrecadou U$3 milhões na venda inicial dos Apes. Nos meses seguintes, investiu essa grana pra desenvolver a história que tinha começado com eles.
Não fizeram isso com livros, filmes ou jogos de videogame - como franquias de entretenimento costumam fazer. O meio que usaram foi… mais NFTs.
Primeiro, deram de presente (no jargão técnico, “fizeram um airdrop”) um NFT de um pet para todos os detentores de Bored Apes.
Depois, “droparam”-lhes mais uma surpresa: uma poção radioativa, que também era um NFT por si só. Lançaram uma página em que se podia “juntar” um Ape a uma destas poções, e “gastar” o NFT da poção para criar um NFT novo, de um macaco mutante. Como se o original “tivesse um filho”.
Nascia aí a coleção dos “Mutant Ape Yacht Club" (MAYC).
Com estes drops, a Yuga Labs instilou na mente dos seus fãs a ideia de que os BAYC não eram meros JPEGs, mas personagens de uma história que estava sendo escrita em tempo real. E que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, podia participar.
Hoje um Bored Ape vale perto de meio milhão de dólares. Mas, por bastante tempo, a coleção foi relativamente acessível.
Uma das proposições de venda dos BAYC era justamente a série ser mais barata e democrática que a marca de NFTs dominante na época: os CryptoPunks.
A execução brilhante da Yuga, somada à inércia dos criadores dos CryptoPunks, fez o jogo virar. No começo de 2022, o Ape mais barato do mercado já valia mais que o Punk mais barato. Atualmente, um Ape vale basicamente 2 Punks.
🎮 Um Jogo Infinito na Blockchain
Os drops dos pets (Bored Ape Kennel Club) e das poções (Bored Ape Chemistry Club) não foram os únicos. Mais à frente, donos dos NFTs originais ainda ganhariam de presente moedas $APE, privilégios no lançamento de outras coleções, e mais.
Bored Apes normalizaram o uso de tokens não-fungíveis como “itens de um jogo infinito”.
As “poções” presenteadas aos donos de Bored Apes podiam ser revendidas no mercado secundário (eram NFTs independentes, afinal). Elas vinham em 3 tipos, randomicamente. O tipo 1 era o mais comum. O tipo 3, mais raro - só havia 13 das chamadas “Mega Serums” (mega poções).
Quando se aplica uma poção num Bored Ape, o Mutant Ape resultante carrega os traços do original, deformados de acordo com o tipo da poção. Uma poção do tipo 1 gera deformações leves. Do tipo 2, um pouco mais conspícuas. Uma poção do tipo 3 dá origem a um macaco mutante completamente diferente de todos os outros.
Estes são os chamados “Mega Mutants”. Muitos os consideram as peças mais raras dentre tudo que a Yuga já produziu.
Só restam duas poções do tipo 3 para ser usadas. As outras 11 já foram aplicadas, e originaram os mutantes da imagem acima. A última "Mega Poção” a ser vendida no secundário trocou de mãos pela bagatela de ~6 milhões de dólares. A anterior, ~3.5 milhões.
O comprador desta transmitiu ao vivo o uso da poção no seu macaco entediado, para dezenas de milhares de pessoas, num evento online que repercutiu por dias.
O que será que vão fazer os donos destas últimas duas relíquias? Não nos surpreenderia se um dia assistirmos a um Bored Ape tomando uma poção destas no intervalo de um SuperBowl, ou de algum campeonato de e-sports.
🎬 Um Merchant & Um Agente em Hollywood
A ascensão meteórica dos BAYC também contou com a ajuda de algumas pessoas e empresas em especial.
O fluxograma abaixo ilustra conexões entre celebridades poderosas que já “vestiram” Bored Apes como avatares nas suas redes sociais.
No relatório que você vai ler, assim que clicar aqui, destilamos essa rede, com foco em duas figuras pivotais. Você vai ver que uma coleção bem sucedida não depende só de tecnologia, mas, principalmente, de uma estratégia social bem construída.
Outro fator-chave para a proliferação dos BAYC foi o modelo de licenciamento adotado por seus criadores.
CryptoPunks eram o incumbente, na época em que os Apes surgiram. Os direitos de exploração comercial dos Punks pertenciam a seus criadores, de forma praticamente irrevogável. Já os Bored Apes foram concebidos desde cedo para que cada NFT carregasse esses direitos consigo, a cada vez que fosse transferido de um dono para outro.
O resultado dessa diferença, é que empreendedores começaram a se aproveitar dos seus Apes para criar novas marcas, ilustradas com eles. Grandes nomes como Adidas chegaram a comprar Bored Apes para se posicionar no setor, e lançar seus próprios derivativos.
E os BAYC, assim, viraram uma “meta-marca”: uma marca que é vestida por outras marcas e que dá origem a “sub-marcas”.
O modelo dos BAYC foi inovador quando despontou. Mas, agora, é um outro arranjo que tem se popularizado, e desafiado o modelo do atual incumbente.
Você já ouviu falar em CC0? Tem gente apostando que as próximas coleções de NFTs a bombarem serão as que seguem esta abordagem.
No relatório dos Bored Apes, a gente filtrou algumas pra deixar no seu radar. Se você for assinante Paradigma, acesse o material na sua versão Pro pela nossa plataforma!
🧠 Dicas de Leitura
👨🎤 Punks and Sellouts (Mitchell Chan)
Uma crítica sensata à venda dos Punks para a Yuga Labs, escrita por um artista pioneiro dos NFTs.
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